quinta-feira, 6 de maio de 2010

Viagem pelo atlântico - Sergipe, Abrolhos e ....



O arquipélago dos Abrolhos é formado por 5 ilhas: Siriba, Redonda, Sudeste, Santa Bárbara e a pequena Guarita. Somente as duas primeiras são abertas à visitação pública. As ilhas de Sueste e Guarita são consideradas intangíveis, e ninguém pisa nelas para que nenhuma alteração aconteça. A Ilha de Santa Bárbara pertence à Marinha do Brasil, e nela foi construído, em 1861, um belíssimo farol, vital para a orientação das embarcações que frequentam a região. Algumas simpáticas famílias vivem na Ilha de Santa Bárbara e garantem o funcionamento e a manutenção do Farol.

Entramos no quarto dia de viagem.

O Itaquatiá ingressou nas águas calmas da barra do rio sergipe, guiado pelo pratico. Do convés avistamos uma praia la longe. Com o sol forte do meio-dia, atracamos no porto de Aracajú. Foi um parada breve, onde suponho ter sido para abastecer o navio com os suprimentos necessário para prosseguirmos rumo ao nosso destino, o Rio de Janeiro. Estas são as poucas lembranças que eu ainda guardo deste porto. O que sei é que partimos para um trecho da viagem que me impressionou muito. Foram longos dias avistando apenas o mar. Um mar sem fim. Uma bola azul escuro e com espumas brancas que sumia no horizonte, por todos os lados que olhássemos. Com excessão do arquipélago dos Abrolhos, não avistaríamos nenhum sinal de terra firme durante os próximos cinco dias.
A passagem pelo arquipélago de Abrolhos, foi marcante. Foi aí que eu vi pela primeira vez, uma baleia. Todos estavam no convés apreciando os mergulhos e o filete de água que ela lançava quando o seu corpo pesado caia na água. Sua calda imensa descia e subia num verdadeiro balé.
Me lembro que exatamente ai, ficamos parados um tempo enorme esperando a maré subir, para seguirmos nossa viagem. Foram momentos divertidos. Nesta altura dos acontecimentos, já havíamos feito amizade com algumas crianças, e meu pai já era bem conhecido entre os tripulantes, e nossa estadia foi ficando mais divertida. As brincadeira com outras crianças, pelo convés era até certo ponto perigosa. Mais ainda bem que não aconteceu nada conosco.
Nos dias seguintes nada de terra, até chegarmos ao Rio de Janeiro. Não me lembro se paramos em algum porto da Bahia durante o nosso percurso. Talvez até aconteceu mas, não me lembro.
Durante este tempo seguimos brincando no convés e fazendo as refeições nos camarotes. Tomávamos banho nos chuveiros que ficavam perto da escada que dava acesso a parte mais baixa do navio. Não havia chuveiro no banheiro do camarote. Quem lembrou do local do banho foi o meu irmão que tem nome de navegador. Cabral.
Era de madrugada quando avistamos a praia de Copacabana. Finalmente o Rio de Janeiro. Aguardamos condições marítimas favoráveis para o desembarque. Lembro que foi demorado. Uma fila de pessoas no corredor do navio, levando uma porção de malas. Mães segurando seus filhos. Um vai-e-vem sem fim. Já no porto, em terra firme, dei uma última olhada para o Itaquatia.
A cena que mais marcou este dia, foi ver meu pai tentando negociar com os motoristas de táxi da praça XV, o prêço para levar todos nós a Juiz de Fora. Enquanto ele conversava com os taxistas, nós ficamos sentados na mureta no centro da praça, comendo sanduíches e tomando coca-cola. Era claro que em um só táxi, não caberia toda nossa família, e o preço cobrado deve ter sido altíssimo, porque naquele dia, no começo da tarde, embarcamos num ônibus, rumo a Juiz de Fora.
Não sai da minha mente as imagens das montanhas que avistávamos enquanto o ônibus seguia pela serra dos órgãos próximo a cidade de Petrópolis. Avistamos montanhas enormes com uma nuvem branca de cerração no topo. Para nós era uma grande novidade, e todos permaneciam com os rostos colados no vidro da janela, para não perder um lance sequer desta maravilhosa vista.
Lembro que chegamos bem tarde na cidade de Juiz de Fora. Fomos todos para um hotel próximo a rodoviária, cujo nome era "Hotel São Jorge Ltda. Rua Halfeld, 343 - Centro Juiz de Fora - MG - 36010-000. Tel: (32) 3215-6520l. (dados recentes apanhado no Google maps. Tem até o número do telefone caso alguém queira se hospedar por lá um dia). Um acontecimento que todos não esqueceremos, foi quando um dos meus irmãos, o que tem nome de navegador, o Cabral, fez suas necessidades no bidê. Mais também nós em momento algum de nossas vidas, sequer tinhamos ouvido falar desse "troço", portanto meu irmão estava perdoado, e a minha mãe, coitada ficou com a parte pior, que foi a de fazer a limpeza.
Pela manhã, pegamos um ônibus, e fomos todos para a casa de um senhor que nos ajudou muito. O nome dele era Jadir, e morava na rua Dr. Luiz Andrés no bairro Mariano Procópio. Nesta mesma rua, meu pai alugou uma casa bem modesta, que ficava do lado de um terreno cheio de imensas toras de árvores cortadas. Perdi as contas de quantas vezes ia brincar em cima destas madeiras. Nessa rua, e neste cenário, começaríamos uma nova fase em nossas vidas.
Depois eu conto.

4 comentários:

  1. Fique muito feliz em saber que o Hotel São Jorge existe até hoje. Ele deve ter sido reformado. Lembro que os corredores eram estreitos e as paredes mofadas. Isto é comum de ser ver numa cidade úmida, como são todas as cidades da zona da mata mineira. Na próxima postagem, continuarei narrando trechos da minha vida nesta maravilha de cidade. Lá a familia cresceu, e eu ganhei duas irmãs maravilhosas que talvez por causa do frio, vieram ao mundo branquinhas e loiras.

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  2. Gula estou imprecionada com sua memoria, é maravilhoso relembrar esta fase de nossas vidas.
    Estou adorando!!!!!!!!!!!!!

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  3. Gulla, super rico seu relato - a chegada à Juiz de Fora me lembrou uma cena do filme "Os Filhos de Francisco". Imagina papai arrastando seis filhos numa aventura tão corajosa para ele e mamãe!! Continua... tá muito bom isso!!!

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  4. Ah! só agora li seu comentário!!! branquinhas por causa do frio!! kkkkkkk Amei!!

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