segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Era sábado...

Era sábado.
E o tempo estava lindo lá fora.
Ah! Era aniversário da Titi!
Seria um dia de festa, estávamos reunidos. Todos nós estávamos lá.
E olha que nós somos festeiros! Somos alegres, somos unidos...
Era pra ser aquele sábado !!!
Como tantos que já foram. Lembram-se?
Quando cheguei com Luiza e abri a porta, vi o quarto lotado.
Miriam, Isabel e Edson estavam lá. Joana e Igor também estavam lá.
Henrique e Patricia, Teresa, mamãe. Claro, mamãe nem saiu de lá. Edson dormiu lá.
Menos o Hugão. Ele iria passar a tarde toda lá.

Se fosse num outro dia, num outro sábado....

Mais era aquele sábado.

E a gente tinha muito o que fazer...
Como em todos os sábados, eu precisei ir ao mercado.
Então eu me despedi de todos e saí.

Mais do ilustre hospede, eu me despedi pra sempre.

Não vou contra a vontade de Deus.
Não sou contra a natureza humana.
Não sou revoltado. De jeito nenhum. Jamais!

Mais tinha que ser logo num sábado!!!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Primeira viagem ao Tocantins

1990 – Primeira viagem ao Tocantins.

Era madrugada, e estávamos viajando por uma estrada de terra tão estreita, que algumas vezes ficava totalmente encoberta pela mata. O brilho das estrelas podia ser visto no espelho d'agua refletido pelo rio Javaés, nosso companheiro por mais de hora nesta jornada. Passamos por pequenas pontes feitas com troncos de árvore, e levamos um susto enorme quando um jacaré saiu da mata e cruzou a estrada bem em frete ao nosso carro.

Com a expectativa nada agradável de quem iria perder o emprego, resolví abri uma emprêsa de informática junto com outros três colegas que estavam na mesma situação. Como éramos analistas de sistemas, e tinhámos bom conhecimento na área contabil, resolvemos procurar clientes para fazer a nossa carteira. Aos poucos fomos montando a estrutura de nossa empresa. Alugamos uma sala na 510 norte, e fechamos nosso primeiro contrato com uma empresa privada, cuja sede ficava na cidade de Miracema, capital provisória recem criado do estado do Tocantins.

Fizemos várias viagens até esta cidade, para acertar detalhes e colher informações para o desenvolvimento do sistema de contabilidade daquela empresa. Debaixo de um calor insuportável, nos reunimos na varanda de uma casa onde moravam meus irmãos, e começamos a levantar os dados nescessários para implementação deste projeto. Meu socios montaram um banco de dados e desenvolveram programas específicos para esta empresa.
Com ajuda de uma funcionária, o nosso sistema começou a ser implementado, e os dados lançados, começaram a gerar os resultadados esperados.
Como a implantação ia de vento em popa, foi preciso fazer algumas viagens para esta cidade. O problema todo era o péssimo estado em que se encontrava a Belem-Brasília com muitos trechos esburacados. Tinham trechos nesta rodovia, onde um bom motorista levava quase 6h para percorrer os 200km. Foi então que começamos a estudar rotas alternativas para ganhar tempo. Observando os mapas rodoviários, fomos criando os roteiros da próxima viagem. Saímos de Brasília, entramos em Anápolis e seguimos até São Miguel do Araguaia. Até lá, a viagem foi tranquila, e o asfalto estava em boas condições, apesar de, em alguns trechos não ter acostamento e também muita travessia de animais.

Era tarde da noite quando entramos no primeiro trecho de estrada de chão. Seriam 50km até a próxima cidade, todo ele percorrido em 1:30h. Não estava tão ruim assim. O trecho seguinte foi complicado, pois já passava das 02h da madrugada. As cabeceiras das pontes de concreto tinham desabado por causa das chuvas, e toras de madeira foram improvisadas para fazer o acesso da estrada à ponte. Todas as vezes que chegavamos nestas pontes, um colega descia para orientar o motorista. Além disso, tinham as porteiras para abrir. Eram muitas porteiras. Estavámos passando nas terras do projeto Canaã, que pertencia ao Bradesco. Eram quase 4h da manhã quando acordamos o vigia na guarita desta fazenda para pedir informação. Ele meio sonolento, apontou para o local onde teriamos que passar. Seguimos adiante, e notamos que a estrada se fechava a cada Km percorrido. Estávamos paralelo ao rio Javaés. Até jacaré cruzou o nosso caminho.

Chegamos a um local onde alguns barcos estavam ancorados próxima as margens do Javaés. Um deles estava todo iluminado. Pessoas conversavam e davam risadas fazendo muito barulho. Resolvemos parar e pedir informação, pois já tinhamos consciência de que estávamos perdidos. Saímos da estrada e descemos até o beira do rio, com o carro deslizando pelo cascalho solto. O barulho do cascalho batendo na lataria, chamou a atenção do pessoal do barco, e não demorou para que duas pessoas viessem ao nosso encontro. Não deu para ver direito, mais pareciam indígenas. Um deles jogava o foco da lanterna em nossa direção, e o outro carregava nas mão uma escopeta. Não se aproximaram muito. Perguntaram o que nós estávamos fazendo ali. Respondí que estávamos indo para Formoso do Araguaia. Neste momento ouvimos de um deles que estávamos totalmente errados e que teriamos de voltar até a entrada da fazenda Canaã, e seguir pelo caminho da esquerda, totalmente diferente do que nos tinha dito o sonolento vigia. Perguntei se eles tinham gasolina para nos vender. Eles responderam que só tinham óleo diesel para os barcos, e pediram sem nenhuma gentileza, para que nos retirássemos.

Por volta das seis horas, paramos num posto de gasolina da cidade de Formoso do Araguaia, para abastecer o carro que chegou com as últimas gotas de combustível que restavam no tanque. Depois ainda tivemos que percorrer um trecho de 45km com muitos buracos e desvios até chegar em Gurupi. Daí até Miracema foi tranquilo. Chegamos na casa do meu irmão, às 10h da manhã.