quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Campo de peladas

Minha carreira amadora de peladeiro, começou no ano de 1961, quando eu recebí de presente de natal, uma bola de couro oficial. Aquelas bolas de "marca". Confesso que fiquei contrariado, pois esperava ganhar um carrinho movido a pilhas, igual ao do meu irmão.

Passado a decepção momentânea, agarrei a minha bola novinha em folha e corri para o campinho de areia que ficava bem de frente a minha casa. No segundo "quique" da bola, o campo já estava repleto de meninos prontosa dar inicio ao nosso primeiro jogo com uma bola oficial. Foi uma manhã de muita gritaria o que acabou irritando mamãe que naquela hora estavam ocupada preparando nosso almoço. Eram broncas e broncas por causa da sujeira que a gente levava para dentro de casa. Mais vida de atleta é assim mesmo.

E assim foi em todos os lugares onde morei. Sempre havia um campo, um clube ou mesmo um terreno baldio onde jogávamos nossas tradicionais peladas.

Quando fomos morar em Juiz de Fora, nada mudou em relação as minhas atividades futebolísticas, e as peladas continuaram acontecendo. Só que agora o campo não tinha as areias macias de Natal, e sim um barro grosso misturado ao cascalho da Vila Dimas, onde ficava o nosso campo oficial de peladas. Meu pai, por diversas vezes, me pegou matando aula e jogando bola neste campinho que ficava bem em frente ao colégio.

A Vila Dimas era um bairro de Juiz de Fora que ficava situada do outro lado da linha ferroviária, em frente ao Mariano Procópio. Este lugar era maravilhoso. Tinha a linha de apoio da ferrovia, onde podiámos brincar nos vagões parados, ou em carros sobre trilhos que era utilizado para socorrer as máquinas que quebravam. Era uma espécie de tabula sobre rodas de ferro. Andei muito com estes carros nestes trilhos. Joguei muito também.

O tempo passou, o Brasil foi conquistando títulos mundiais, e eu aprendi a torcer pelo Flamengo. Falando nisso, lá em casa cada um torce para um time diferente. Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense. Convivemos em plena harmonia. Até hoje ninguém saiu nos tapas por causa de clube de futebol.

Hoje eu sinto que a pratica deste esporte está cada vez mais complicada. O que não custava nada, hoje é muito caro. Tão caro, que os pais vão desistindo de estimular os filhos para a prática do futebol. Primeiro que não há mais campos disponíveis, a não ser aqueles de grama sintética que são alugados a um prêço absurdo.

Em Brasília, fundamos um time de futebol de salão chamado Oscop's. Era composto por elementos da família, e foi vitorioso enquanto durou. Uma das características do time, era a cerveja após os confrontos. Daí o nome fazendo apologia "aos copos" de cerveja que tomavámos após cada partida.

Hoje, aposentado dos campos de peladas por falta de "espaço", tenho apenas acompanhado como torcedor, meu clube de coração. O Flamengo. Seis vezes campeão brasileiro.
Mais confesso que sou descrente. Vejo jogos em que os arbitros fabricam resultados, com erros absurdos. Sinto também que os jogadores não tem mais aquele amor a camisa do clube que defendem. A grande jogada hoje é um contrato gordo. Bem gordo. Assim como o do Ronaldo "fenômeno" do Corinthians.