sábado, 22 de maio de 2010

Uma greve geral

O barulho era tanto, que quase não dava para ouvir o carro de som. O presidente do sindicato dos bancários, Augusto Carvalho, fazia um discurso inflamado para centenas de bancário que estavam presentes ali, na assembléia realizada em frente a sede do Banco do Brasil.

- E quem for a favor da greve, levante um braço. Gritou com a voz rouca.

Foi quase uma unanimidade. Greve geral, dos bancários de Brasília. Pezão que estava lá, previa que a greve iria durar mais de cinco dias. Quase acertou.
- E o que que agente vai fazer agora, Estevam?
- Tomar uma gelada em algum boteco por ai. Nem pensou muito para responder.
- Nos cunhados! Uma caixinha?
- No mínimo!

Marildo deu a idéia de irmos lá pra chácara. O Estevam não achava uma boa, pois meu pai estava lá em plena recuperação do derrame que sofrera dias antes.
- Chegar lá essa hora, sei não.
- Acho que o Kuinha vai é gostar. Ele gosta destes improvisos de última hora.
- Vai ser barra. A gente bebendo e ele vendo.

Meu pai era muito consciente, e eu sabia que não seria problemas ele ver a gente beber.
Então fomos ao Pão de Açucar no final da W3 para comprar os mantimentos. Uma caixa.
Primeira parada: Boi na brasa. Marildo comprou cinco latinhas.
Fizemos a curva para a direita em frente ao móvel sucupira, e seguimos pela estrada de chão até a chácara. O Bené já estava fechado.
- Não falei.
- A gente acordava o Bené, se fosse o caso.
- Se o Kuinha tivesse bem, ia chegar buzinando.

Henrique, papai e mamãe se espremiam na porta da entrada para ver quem estava chegando naquela hora. Já passava das dez.
A sinuca novinha ficava na sala. Presente do Gila.
- O assessor tá podendo. Brincou Bigas.
Nesta noite, enquanto eu, bigas e Marildo afinávamos o taco, papai e Estevam jogavam uma partida de gamão. Na cozinha mamãe preparou uma panela de mandiocas com carne, e todos respeitaram a ordem dada por ela.
- Quem for fumar, que fume lá fora.
Neste dia, só quem dormiu, foram papai e mamãe. Nós ficamos jogando até a cerração chegar, e cobrir de branco o verde daquele lugar.


Um comentário:

  1. Eta Gula, lembro bem desse dia.
    O frio da chácara a noite silenciosa, tudo pronto para dormir, acho que já tinha até acabado o jornal nacional.
    Tempinho bom. Eta nós. No outro dia tome mais geladas.

    ResponderExcluir