domingo, 27 de junho de 2010

Rua Dr. Oscar Vidal - Juiz de Fora

O trabalho voluntário executado pelos meus pais na paróquia da Glória, teve um aspecto social muito importante, pois agora o nosso ciclo de amizades estava mais aberto, e não só restrito à rua onde eu morava. O casal Pimenta, passou a fazer parte da nossa vida, e foi sem dúvida alguma, bons momentos aqueles que passei na companhia deles. A familia morava na Rua Dr. Oscar Vidal, no centro de Juiz de fora, e vez por outra era convidado a passar o final de semana com eles. Os filhos deste casal, passaram a ser grandes amigos, e seus apelidos Huguinho, Zezinho e Luizinho, fui eu quem colocou em homenagem aos sobrinhos do Tio Patinhas, que eles tanto gostavam de ler. Às vezes fico recordando aquele momentos de alegria e de brincadeira que vivemos. Logo na primeira vez que fui convidado para um almoço na casa dos Pimentas, fiquei muito acanhado mas eles eram tão educados, que ao perceberem minha timidez, trataram logo de puxar conversa e a mostrar coisas interessantes, como a coleção de gibis os álbuns de figurinhas e a mesa de ping-pong, que alias, foi onde passamos o resto daquela tarde jogando.
Em outras visitas, sem muitas cerimônias, pois já os conhecia, passei sair com eles para conhecer outras crianças e a participar das brincadeiras de rua praticadas por eles. Era comum ver grupos de criança descendo a ladeira da Oscar Vidal com seus carrinhos de rolimãs, cada um mais incrementado que o outro, e chegava a uma velocidade incrível, ajudados pela geografia da rua. Era normal ver acidentes acontecendo com os pilotos nesta brincadeira. Eu mesmo perdí o controle quando fazia a descida em uma destas "ferraris". Quando tentei freiar, quebrei a alavanca e tive que usar o freio pedal, ou seja, meter o pé no cimento. Só parei quando meti a fuça numa lixeira de borrachas que estava na frente de uma das casas. Lembro que foi lixo espalhado para todo o lado. A senhora xingou muito e fez eu pegar um por um todo o lixo que deixei pela rua devolvendo tudo a lixeira. O resto da galera riu muito nesta manhã.
Outra brincadeira que participei, foi a dos pneus. Apanhávamos os pneus velhos em alguma borracharia e com um pedaço de pau, íamos tocando eles rua abaixo. Verdadeiras manobras eram feitas com estes pneus. Quando queríamos fazer uma curva mais brusca, forçávamos o pneu para o lado com a madeira, até que ele deitasse e fizesse a manobra completa, então voltávamos para a posição normal. Tudo era feito com muita perícia e velocidade, com a gente correndo atrás deles. Acontece que nem sempre tudo sai exatamente como fora calculado, então os acidentes vez por outra aconteciam. O mais comum era perder o controle deste possante veículo,deixando que despencasse, pulando ladeira abaixo, e destruindo tudo que encontrasse pelo caminho, inclusive jarros de plantas, lixeiras, cadeiras entre outras coisas, só parando quando batia em algum carro que estivesse na hora, trafegando na movimenta avenida Barão de Rio Branco. O motorista acidentado bem que tentava encontrar o culpado pelo acidente, mas ao olhar para cima podia ver que estava diante da rua mais pacata de Juiz de Fora, e que teria de arcar com o seu prejuízo sòzinho. Nenhuma criança ousou sair mais de casa neste dia.

5 comentários:

  1. Que delícia de infância!! liberdade e movimento!

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  2. Hoje voce não consegue passar nesta rua nem de bicicleta, tem uma via expressa nela.muito boa esta lembrança.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. santo santo santo... legal essas lembranças.. eu fico voando.. sinceramente não são minhas... mas to torcendo para chegar a hora do SMU... quem sabe minha Amnésia melhora..kkk

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