terça-feira, 27 de julho de 2010

A história da churrasqueira.

Eu tinha um Dodge Polara azul, que alem de ser um carro nada econômico, dava muitos problemas mecanicos, e era difícil encontrar as peças de reposição, por se tratar de um carro importado. Quando comprei este carro, tirei uma folga na sexta-feira e com meus filhos Leandro e Paula, fui para a chácara do meu pai passar o fim de semana.

Foi um dos melhores finais de semana que eu já passei na minha vida.

– Já vejo o morro careca! Gritava a Paula com uma alegria radiante. Esta frase virou o refrão da nossa música, e era cantada todas as vezes que chegávamos neste morro de cascalho vermelho.

A letra enorme, não vou escrever toda, só um pedaço.

– Já vejo o morro careca, já vejo o morro careca!
– Já vejo o morro careca, já vejo o morro careca!

Este sábado foi fundamental para que saísse do papel a churrasqueira que meu pai tanto queria fazer.

Tudo começou quando eu e Leandro começamos a cavar um pequeno buraco no chão, para improvisar uma churrasqueira de tijolos. Meu pai vendo aquela dedicação toda, perguntou porque estavámos cavando aquele buraco, logo ali, na saída para o quintal. Quando o Leandro disse que a gente estava fazendo a churrasqueira da chácara, ele então tomou a decisão de construir uma. Ela já estava nos planos do meu pai, até o desenho da planta já havia sido feita.

Neste mesmo dia, procuramos o João Prêto, nosso engenheiro, mestre de óbras e pedreiro. Uma reliquia do vale na área da engenharia. Basta dizer que ele foi o construtor da casa, e de quase toda área cimentada não só na nossa chácara, mais de boa parte do vale.

Quem não se lembra do castelinho construído na rua lá embaixo do morro?

Encontramos o João Prêto no bar do Bené, tomando uma lapada de para-tudo, um aguardente horrivel, mais muito apreciado pelos caseiros da região. Seu gosto era de cachaça misturada com licor de quinta categoria.

Rodamos as lojas de matérial de construções do Gama, e enchemos o porta mala do dodginho com tijolos, saco de cimento e uns pedaços de ferro, que serviriam de suporte para os espetos. Meu pai deixou os pré-datados no caixa da loja, e nós retornamos à base. Na tarde daquele sábado, João Preto arregassou as mangas e deu inicio às óbras. Com a planta na mão, analizava cuidadosamente os detalhes para que não ficasse nada fora do previsto. Inclusive os buracos onde seriam colocados os suporte de ferro.

O local escolhido foi no canto da varanda, onde a vista para o vale era privilégiada, e estratégicamente próximo a cozinha.

Tijolo aqui e alí, uma pá de cimento, acerta aqui e pronto. Nossa varandan jamais seria a mesma.

No domingo, surgiu imponente, na esquina da varanda, onde o vento literalmente faz a curva, nos 90º da casa, a nossa churrasqueira. Só ficou faltando inaugurar. Não deu tempo de assar a carne. Iria ficar para a próxima oportunidade. E oportunidade era o que não nos faltava.

Vários churrascos foram realizados nesta área.

Quem diria que aquele recanto da varanda seria tão divertido. O lugar mais procurado e o mais utilizado nas nossa frequentes reuniões.

Aquela obra erguida ali mesmo contra tudo e contra todos, até contra o vento, o que seria reprovado por qualquer churrasqueiro mais experiênte, deu um requinte especial as reuniões da nossa família.

Fiquei sabendo que ela foi demolida pela nova propriétaria por motivos de estética.

Dói!

5 comentários:

  1. Quantos churrascos deliciosos não sairam daquela churrasqueira. Eu não lembrava da história, só lembrava que de um fim de semana pro outro a churrasqueira tava lá. E foi a maior surpresa saber que agora poderíamos comer churrasco naquela obra de engenharia.

    Lembro um pouco do João Preto tb. Principalmente que ele gostava da marvada! Talvez por isso se deu tão bem com a nossa família! :)

    E que sacanagem derrubar a nossa relíquia... mas temos que pensar que talvez seja por um bem maior. Não vamos chorar pelo que foi mudado, vamos nos lembrar do que nós fizemos ali. Eu tenho certeza que é o que o vovô mais queria quando começou a construir a chácara!

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  2. Putz, eu n lembrava de nada disso, se é q participei! rsrs
    mas eu lembro dos churrascos todos, e inclusive da estratégica sinuca ali do lado, a qual n podia jogar! Droga! rsrs

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  3. velhos tempos, belos dias... e viva nossa família, maravilhosa, unida, feliz!!!

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  4. Ahhhhhhhhh.. qtaaa coisa boa passamos ao lado dessa churrasqueira... inclusive as últimas vezes que fui na chacára...
    Dói saber que ela não está mais lá, masss, assim como ela não nos pertence mais, o mais importante é saber que ali fomos mtoooo felizes!!!!
    E como lembro do João Preto... que chegava com a carroça e colocava a netaiada toda pra passear...
    Êhhhh recordações que não acabam mais... será eternas em nossas vidas...
    Lugar sagradoooo... =D

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  5. Ao lado da churrasqueira quase sempre uma mesa de dominó ou de truco. Muito bom

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