segunda-feira, 12 de julho de 2010

BSB

Os cariocas que se mudaram contra a vontade para o planalto, comparavam a cidade a um cemitério. Eu discordo.

Brasília naquela década estava apenas no começo e é claro que não tinha uma identidade formada. As pessoas que aqui moravam viviam despreocupadas e sem medo. Não existia violência, não havia filas em postos de saúde nem faltavam vagas na rede pública de ensino, que por sinal era uma das melhores do país nesta época.
Os lugares badalados eram poucos e os preços cobrados separava bem as classes sociais, isso é verdade. Para se ter uma ideia, um jantar no restaurante do edifício Gilberto Salomão, chegava a custava mais de um salário mínimo da época. O bar do Chico na 105 sul, com seus tira-gostos de primeira e com preço bem mais em conta, virou ponto de encontro de médicos, professores , estudantes e funcionários públicos, o que fazia do bar um lugar bastante democrático. Para as manhãs de sábados, domingos e feriados, a melhor opção eram os clubes. Cada categoria era associada a um destes clubes. Isso acontecesse também nos dias de hoje. Os funcionários do banco do Brasil frequentam a AABB, da comera o ASCAD e por ai vai.
As noites aconteciam na 109 Sul onde os famosos restaurantes Beirute e Arabesk eram as opções mais badalas para a classe média e funcionava todos os dias da semana. Hoje só existe o Beirute. Outra casa que ficava na mesma quadra era o Socana. Caipirinhas de todos os tipos eram produzidas e vendidas nesta casa, que também mantinha filias no Gilberto Salomão do Lago Sul e no Conjunto Nacional. Eram deliciosas eu posso falar pois tomei muitas caipirinhas neste bar.
As reuniões aconteciam nos colégios, nas quadras, nos barzinhos enfim, aos poucos as pessoas foram criando a identidade da cidade e hoje é nítido saber quem é de Brasília e quem veio de outro estado. Hoje existem aqui os mesmos problemas de uma metrópole. O transito é um caos nas horas de rush, muitas obras de infraestrutura deixando a cidade mais difícil, porém elas são necessárias e surgem do nada a cada dia. O estouro demográfico se deve a distribuição irresponsável de lotes com fins eleitoreiros, que fizeram a cidade inchar de modo desordenado, perdendo com isso seu desenho original e seu plano de crescimento.

4 comentários:

  1. Sabe do que me lembro muito? Daqueles dia em que a gente reunia um monte de amigos na sala de casa e ficávamos tocando violão e cantando MPB. O máximo. A cara de Brasília, também, é um barzinho com música ao vivo! Amo!

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  2. Nossa.Conheci seu blog através do da Joana. Me deu uma nostalgia...Eu amo Brasília e apesar de também amar o Rio de Janeiro, é tão bom escutar o nome dos lugares e saber exatamente onde estão. Adorei seus textos e virei sempre.

    Abraços

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  3. Essa cidade ainda continua lindaaa e por mais que eu AME o Rio de Janeiro, ela continua sempre especial dentro do meu coração...
    Ahhhh.. saudadeeee...

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  4. Uma característica de Brasilia era o namoro atrás do pilares dos blocos, o volei entre os predios e as peladas das quadras. A efervecência cultural das bandas de rock, conserto cabeça e concha acústica. Os mais antigos ainda lembram do Cine Karin, na 109 Sul e o Velho cine cultura com seus filmes de faroeste. Era um programão para as tardes de sabado.

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